Como Criei Uma Rotina Flexível Que Funciona de Verdade
Por muito tempo, eu achava que rotina era coisa de gente metódica.
Pessoas com horários fixos, listas perfeitas e alarmes programados para tudo.
E, como alguém com TDAH, isso me dava arrepios.
A verdade?
Eu tentava criar uma rotina, me empolgava por dois dias e depois… puff.
Voltava ao caos. Com culpa, frustração e aquela sensação de “mais uma coisa que não consegui manter”.
Até que um dia, eu parei de tentar copiar o modelo dos outros e comecei a ouvir o que realmente funcionava pra mim.
Foi aí que nasceu a minha rotina flexível. Não é perfeita. Não é igual todo dia. Mas funciona. De verdade.
Hoje quero compartilhar com você como cheguei até aqui — e te mostrar que é possível sim ter estrutura, mesmo com TDAH, desde que essa estrutura respeite você.
O mito da rotina rígida (e por que ela não funcionava comigo)
No começo, eu fazia o que muita gente faz: criava uma rotina “perfeita” no papel.
- Acordar 6h
- Meditar
- Fazer exercícios
- Café saudável
- Foco total no trabalho
Só que a realidade é que cada dia meu era diferente.
Tinha dias em que minha energia estava no chão.
Tinha noites mal dormidas, dias mais ansiosos, imprevistos.
E a rotina que deveria me ajudar virou mais um motivo para me sentir “incapaz”.
A culpa vinha rápido: “você não tem disciplina”, “você nunca vai conseguir se organizar”.
Mas, com o tempo, eu percebi que o problema não era comigo. Era com o modelo engessado que eu estava tentando seguir.
O que mudou: a chave foi flexibilizar sem perder o rumo
A virada veio quando entendi que rotina não precisa ser uma prisão.
Ela pode ser um guia, um mapa emocional que me ajuda a saber para onde ir — sem me cobrar seguir sempre o mesmo caminho.
Passei a construir minha rotina com base em blocos flexíveis de tempo e intenção.
Hoje, ao invés de ter horários rígidos, eu tenho rituais e âncoras que me ajudam a manter o equilíbrio, mesmo nos dias difíceis.
Como é minha rotina flexível hoje (na prática)
Talvez o que você quer saber agora é: “Tá, Jorge, mas como isso funciona na vida real?”
Deixa eu te mostrar com exemplos.
🌅 Manhãs com intenção, não perfeição
Eu tenho um “modo ideal”, mas sem rigidez.
Se eu acordo bem, sigo isso:
- Ritual de acordar (respiração, um copo de água, abrir a janela)
- Café da manhã com calma
- Revisar minhas tarefas no Notion
- Escolher 1 a 3 prioridades para o dia
Mas se acordo mal, faço só o essencial: hidrato, respiro e vejo uma tarefa mínima pra não perder o fio.
O importante aqui não é fazer tudo, mas manter alguma conexão comigo mesmo e com meu dia.
🕐 Blocos de foco (com pausas reais)
Uso blocos de 90 minutos para trabalhar, mas com margens para respirar.
- 10 a 15 minutos de foco
- 5 minutos de pausa leve (levantar, alongar, tomar água)
- Depois mais 30 se ainda estou no fluxo
Se a mente começa a dispersar antes, tudo bem. Uso técnicas como o Pomodoro adaptado (25/5) e aceito que o foco também é flexível.
🌙 Fechamento do dia: um check-in emocional
Não sou o rei da disciplina noturna, mas criei um ritual simples que me ajuda muito:
- Anotar 3 coisas que funcionaram no dia
- Registrar 1 aprendizado ou ajuste que quero testar
- Fechar as abas mentais no Notion com um “ok, já fiz o que deu”
Isso não só melhora meu sono, como me ajuda a perceber que mesmo os dias bagunçados têm valor.
O que faz essa rotina funcionar (mesmo nos dias difíceis)
Aqui vão os 3 segredos que fizeram minha rotina flexível funcionar:
- Aceitar que consistência não é rigidez
Antes, eu achava que para ser produtivo precisava repetir a mesma coisa todo dia.
Hoje vejo que consistência é continuar voltando, mesmo depois de se perder.
É tipo GPS: se você sair da rota, recalcula — sem bronca.
- Planejar para o “eu cansado” também
Não crio rotinas só para quando estou inspirado.
Tenho versões leves das minhas tarefas, listas mínimas e dias de reset.
Isso evita que eu jogue tudo pro alto quando o cérebro não coopera.
- Celebrar pequenos acertos
Cada vez que consigo respeitar minha energia e ainda assim manter o básico da rotina, eu comemoro.
Não espero a semana perfeita. Valorizo o dia que deu certo — mesmo que só 30%.
Conclusão: você pode criar uma rotina que te respeita
Rotina não é pra te controlar. É pra te libertar.
Te dar clareza, segurança e um pouco de paz no meio do caos.
A minha não é igual todo dia.
Mas ela me acompanha, me acolhe e me ajuda a continuar — mesmo quando eu tropeço.
E se você sente que está sempre começando de novo, cansado de sistemas que não encaixam, talvez seja hora de criar um modelo só seu.
Do seu jeito, no seu ritmo.
Porque sim: com TDAH, cansaço e tudo, você ainda pode ser produtivo — e viver uma rotina que funcione de verdade.